quarta-feira, 29 de outubro de 2008

BALANÇO SOCIAL

CONSIDERAÇÕES GERAIS

A sociedade moderna conclama que as instituições, de qualquer nível ou natureza, devam assumir sua responsabilidade no campo social em que atuam.
A universidade, instituição que desde a sua criação tem na função social a principal razão de sua existência, vem contribuindo de forma efetiva para o desenvolvimento da sociedade em todos os seus aspectos, não só formando profissionais competentes, mas também o homem em sua totalidade, promovendo a cidadania e a adoção de valores éticos, realizando atitudes concretas no que diz respeito à melhoria das condições da vida humana.
Mas, nem sempre a sociedade toma conhecimento da amplitude dessas ações, que são realizadas em seu benefício, o que acaba prejudicando o reconhecimento da importância dessa instituição como agente de transformação social.
O Balanço Social é uma ferramenta utilizada pela Contabilidade no intuito de fornecer aos seus usuários informações úteis, fidedignas e eqüitativas. Esses usuários também serão supridos com informações no campo social que revelam a responsabilidade da empresa perante a sociedade e permitem-lhe avaliar os efeitos das atividades da entidade sobre o ambiente onde ela atua.
A priori, consiste numa demonstração, ou opcionalmente, em um relatório que comunica à sociedade como as organizações participam da construção de sua realidade social.
Entretanto, a forma que esta peça informativa vem assumindo dista consideravelmente da idéia primária de um “balanço”, uma vez que “balanço” pressupõe equilíbrio entre partes.
VASCONCELOS[1] adverte-nos sobre a necessidade de reflexões imediatas acerca das finalidades informativas desta peça:
“Ao denominar-se um relatório ou uma demonstração é imprescindível que se atente para a finalidade a que esta se prestará. O Balanço Social visa demonstrar ou simplesmente mostrar (relatar) o quão a entidade, célula social, cria, influencia e transforma a realidade social.”
Além do Balanço Social, já existem outras formas de divulgação das atividades sociais. Uma delas é o modelo de Relatório Anual de Responsabilidade Empresarial, elaborado pelo Instituto Ethos, no qual o Balanço Social, proposto pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais Ibase, é apresentado como anexo.
O Balanço Social tem como objetivo filtrar, acurar e aferir os resultados das ações sociais realizadas pelas empresas naquilo que diz respeito aos benefícios para os empregados e à sociedade como um todo.
Cabe salientar que os dados contidos no Balanço Social devem ser considerados em seus aspectos quantitativos e qualitativos, devendo os mesmos, ao lado de outros instrumentos, servirem de base para uma análise, estudo, avaliação e aperfeiçoamento das ações realizadas.
O Balanço Social é, hoje, o instrumento de gestão e de informação que coloca na vitrine social a entidade e seus gestores; portanto, é evidente que as lideranças brasileiras o adotem, para melhor desenvolver seus negócios e, principalmente, o relacionamento com seu meio de atuação: a sociedade.
Toda implementação de Balanço Social deve ser precedida pelo planejamento. Mais uma vez recorremos as lições de VASCONCELOS[2] que propõe uma seqüência de tarefas para construção do Balanço Social:
”Não é o ato de publicar o balanço social que torna melhores as empresas, mas, sim, a prática e promoção do bem-estar social e, ainda, a repercussão das informações nele evidenciadas, do contrário o custo da informação não compensaria o benefício gerado.
São as medidas corretivas ou preventivas decorrentes da informação que de fato importam. Isto posto, o balanço social deverá ser elaborado através de uma abordagem mista, tanto econômica e financeira como social, mas de forma a se estabelecer uma relação causal.
As etapas propostas são:
· Planejamento e engajamento setorial;
· Levantamento qualitativo;
· Levantamento quantitativo.
Segundo TINOCO[3]: “Três departamentos funcionais participam na elaboração do Balanço Social: o departamento de pessoal, o departamento de contabilidade e o departamento de informática.”
A implantação do Balanço Social pressupõe um envolvimento e esforço de toda a massa organizacional na pessoa de seus gestores líderes.
A empresa é, sem sombra de dúvida, um ente socioeconômico e, como tal, deve se preocupar com aspectos de formação e crescimento da riqueza, todavia, sem se desvencilhar de sua responsabilidade social, uma vez que o relacionamento com a sociedade se repercute na concepção de valor para a própria empresa e para os consumidores de seus produtos ou serviços. Compartilhando dessa visão, DE LUCA[4] informa-nos de que “ Os gestores das empresas já reconhecem que quando mais motivados estão os empregados, mais produtividade a empresa alcança. Quanto mais credibilidade a empresa transmite à sociedade, mais respeito e compromisso ( no que diz respeito ao consumo de seus produtos/serviços) ela terá dessa sociedade”.
Dessa forma, as ações sociais praticadas pelas empresas indubitavelmente a ela retornam e, sendo o Balanço Social uma comunicação formal destas ações, sua publicação torna-se vantagem competitiva, além de ter a potencialidade de ser útil instrumento para gestão.
O Balanço Social não é uma peça utópica mas sim, uma conquista social com ampla utilidade gerencial, podendo ser considerado um novo instrumento de avaliação das empresas utilizado por muitos analistas de mercado, investidores e agências de financiamento.
As companhias de capital aberto devem divulgar na BM&FBOVESPA seus projetos de responsabilidades sociais. Isso mostra aos investidores que, além da eficiência e dos lucros as organizações também faturam bons resultados sociais e ambientais, o que acaba por gerar maior valor agregado aos investimentos.
[1] VASCONCELOS, Yumara Lúcia. Algumas Reflexões sobre o Balanço Social. IOB COMENTA, 08/2001, In Revista de Contabilidade nº 24 de 06/2003, CRC/SP.
[2] VASCONCELOS, Yumara Lúcia. Elaborando um Balanço Social para suporte à gestão de RH. IOB Comenta, 03/2001, In Revista de Contabilidade nº 24 de 06/2003 CRC/SP.
[3] TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço Social: uma abordagem sócio-econômica da Contabilidade.
Dissertação de mestrado, FEA-USP, 1984.
[4] DE LUCA, Márcia Martins Mendes. Demonstração do Valor Adicionado. São Paulo: Atlas, 1998.

Um comentário:

María Esmeralda Ballestero-Alvarez disse...

Muito interessante e ajudou muito a esclarecer a importância do balanço social. Continue, por favor! Sugiro que mude o nome de seu blog par "Contabilidade" (por exemplo), assim fica mais fácil de localizar. Aguardo novas publicações. Obrigada. Esmeralda.